No âmbito das comemorações do 23.º aniversário da classificação da Arte Rupestre do Vale do Côa como Património Mundial, a Fundação Côa Parque organiza, em parceria com o grupo Morph/ Octopétala e o apoio do projeto PALEOARTE, o II.º Côa Symposium.
Esta reunião científica, subordinada ao tema: “A gestão e conservação de sítios com arte rupestre”, teve como objetivo refletir sobre estes assuntos mediante o cruzamento das experiências do Vale do Côa com as que se levam a cabo em outros sítios com arte rupestre. Nesta senda, deu-se especial destaque aos casos que envolvem a arte pré-histórica da Península Ibérica, onde coexistem diversos tipos de sítios, com problemas por vezes muito específicos — como é o caso da arte megalítica —, não se deixando de ter em conta experiências de sítios em outras partes do mundo.
Assim, apresentaram-se comunicações sobre a gestão e conservação de diversos tipos de arte rupestre pré-histórica da Península Ibérica: a arte paleolítica das grutas na Cantábria, mas também no Sul peninsular (Maltravieso e Escoural), a arte paleolítica ao ar livre do lado espanhol (Siega Verde), assim como as manifestações gráficas de cronologia holocénica localizadas ao ar livre e no interior de megálitos.
Discutiu-se também os casos da arte paleolítica francesa em gruta e sob abrigo, as problemáticas da gestão de sítios no Ártico norueguês, mas também nos desertos da Argélia. Deram-se ainda a conhecer experiências da Coreia, da Austrália e do Brasil, sendo estas de particular interesse pelo envolvimento das populações locais nos seus projetos.
Um balanço dos trabalhos de conservação levados a cabo no Vale do Côa, quer dos que já estão em curso desde há duas décadas, quer dos que apenas agora começaram, foram também discutidos numa manhã dedicada exclusivamente à matéria, no final da qual se procedeu a um debate final e às conclusões do Symposium.
O tema deste symposium foi escolhido por Bruno Navarro, tendo-se inicialmente previsto a sua realização no final de 2020. A situação pandémica obrigou ao seu adiamento e Bruno Navarro já não acompanhou a sua realização. Não poderíamos, no entanto, deixar de associarmos esta reunião à sua memória. Nesse sentido, a reunião concluiu-se com a apresentação das Atas do I.º Côa Symposium, que ele acompanhou de perto e que conta também com uma secção em sua homenagem, e com a divulgação de um novo prémio científico que, dado o seu apego à Ciência, porta o seu nome.
